sexta-feira, 6 de setembro de 2013

DIFERENCIAÇÃO DE PRODUTOS

         
             A hipótese de homogeneidade dos produtos é essencial para definição da concorrência perfeita. Neste arcabouço analítico, como os consumidores consideram os produtos idênticos (os substitutos perfeitos), a ocorrência de preços distintos não permite à empresa com preço superior realizar vendas, pois os consumidores optam por adquirir apenas da empresa com menor preço. Por isso, quando são considerados mercados sem diferenciação de produtos, respeitando as demais condições competitivas, o preço é único, sendo definido pelo mercado. As empresas são tomadoras de preços (Prince takers), já que não podem influenciar o preço de mercado e, na verdade, se deparam com curvas de demandas perfeitamente elásticas.
            Os produtos são diferenciados segundo diversos aspectos como: local da oferta, qualidade do produto ou percepção da marca. Rigorosamente, basta que os consumidores percebem os produtos como diferentes, isto é, que tenham preferências subjetivas distintas, para ocorrer diferenciação de produtos.
            Com a diferenciação de produtos decorre de fatores subjetivos, qualquer listagem das possibilidades de diferenciação é incompleta. Em linhas gerais, os produtos são diferenciados conforme os seguintes atributos: especificação técnicas, desempenho ou confiabilidade; durabilidade; ergonomia  design; estética; custo de utilização do produto; imagem e marca; formas de comercialização; assistência técnica e suporte ao usuário; financiamento aos usuários.
            Há setores que apresentam vocação maior para diferenciação, condicionada às características do produto (tecnológicas e possibilidades de uso). Embora a introdução de um produto novo dependa, antes de tudo dos critérios de avaliação dos consumidores. Existem dois tipos de diferenciação de produto: horizontal e a vertical.
            Quanto aos modelos de competição monopolista existem dois modelos locacionais para exemplificar: o Modelo da Cidade Linear e o Modelo da Cidade Circular.

            Os modelos locacionais, tais quais o modelo de Chamberlin, admitem hipóteses muitos restritivas, constituindo-se, sobretudo, em um esforço de formalização. Joe Bain, em 1956 considerava a vantagem de diferenciação de produto das fontes de diferenciação à dinâmica das industrias. A diferenciação surge como resultado de uma inovação de produto que propicia poder de monopólio para as empresas inovadoras, dando lugar a lucros extraordinários. A competição pela diferenciação acaba atuando de três formas: aumenta as vendas de uma empresa em particular; atua sobre a demanda de mercado como um todo, incorporando novos consumidores; e garante a sobrevivência da empresa no mercado. Neste sentido, a diferenciação é ao mesmo tempo, uma arma agressiva, na medida em que a empresa está buscando garantir uma demanda maior para seus produtores, e defensiva, porque é uma forma de garantir sua posição no mercado em que atua.

domingo, 1 de setembro de 2013

Uma aula de economia, politica e arrogância em tom Cearense!!

http://www.redetv.com.br/getVideo.aspx?cdVideo=357829&autostart=1


http://www.redetv.com.br/getVideo.aspx?cdVideo=357828&autostart=1


Ciro, só você mesmo!

Excelente entrevista, particularmente não votaria... mas a contribuição ao país é incalculável.




sábado, 31 de agosto de 2013

Vagamente Economista

Provavelmente não há algo que irrite mais um economista do que ouvir de um estúpido ser: "Calcula ai pra mim 2 +2 porque tu é economista, tu é que sabe"

Sério? E teu professor do fundamental não ensinou não?

Aiiii, como se economista servisse somente pra isso!!
Tanto que a gente  estuda pra entender e questionar Smith, Ricardo e tolerar Marx e ouvir essas vagas "baboseiras" soltas por ai...


Terminar monografia.... digo até que tem mais futuro!

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

EMPRESA, INDÚSTRIA E MERCADOS


            Na Economia Industrial, em várias correntes, destaca-se claramente a busca pela incorporação do crescimento e da acumulação de capital das empresas como determinantes fundamentais da dinâmica da economia capitalista. A crescente importância das grandes corporações, em geral acumulando várias atividades produtivas, contrasta claramente com a empresa idealizada pela escola tradicional neoclássica, gerando novas preocupações não só com a própria ideia de empresa como também com seus espaços de concorrência, sobretudo na definição de mercado e indústria.

Natureza e Objetivos da Empresa
            Para Chandler e Penrose existem duas definições de empresa:
            Em Chandler a empresa é uma entidade legal que estabelece contratos com fornecedores, distribuidores, empregadores e, frequentemente, com clientes. É também uma entidade administrativa, já que havendo divisão do trabalho em seu interior, ou desenvolvendo mais de uma atividade, uma equipe de administradores se faz necessária para coordenar e monitorar as diferentes atividades.
            A proposição de Penrose é complementar, indicando que os teóricos fazem escolhas dentre os múltiplos aspectos da empresa. Uma empresa não é um objeto observável de maneira fisicamente separada de outros objetos, e é difícil de se definir a não se com referência ao que faz ou ao que é feito em seu interior.
            Consequentemente, cada analista é livre para escolher quaisquer características da empresa nas quais esteja interessado, definir a empresa em termos destas características e proceder de forma a chamar sua construção de “empresa”.

Antes da escola neoclássica: Acumulação de capital e elementos de uma teoria da produção.
            A escola clássica não chega a explicitar um  agente de nome empresa. Nela estão presentes como agentes as classes sociais – trabalhadores, proprietários de terras e capitalistas. Para nosso uso, isto pode se explicar pelo fato da empresa capitalista se ter constituído como agente de forma evolutiva, sendo identificável de forma separada de seus proprietários à medida que evolui juridicamente. Assim, antes da revolução industrial podem identificar-se empresas na esfera comercial, mas a produção se faz em geral de forma doméstica ou em oficinas de dimensões reduzidas. Mesmo no século XIX, as primeiras empresas industriais (da indústria têxtil, por exemplo) são empresas familiares ou sociedades de natureza jurídica simples, não separando a responsabilidade do patrimônio familiar dos compromissos assumidos pelas empresas. Neste sentido a empresa da escola clássica se identifica com o capitalista, e seu objetivo é acumular capital em um ambiente competitivo representado por um sistema capitalista em expansão.

A empresa na escola neoclássica: Transformação nas leis dos rendimentos
            A escola neoclássica trouxe para o centro da teoria economia o problema da alocação de recursos escassos a necessidades ilimitadas. Alferd Marshall em Principles of Economics, afirma que enquanto agente deste sistema alocativo, a empresa neoclássica é vista como um agente que toma decisões de produção (curto prazo) e de escolha do tamanho da planta (longo prazo), incluindo a entrada ou saída de mercados onde os lucros estejam acima ou abaixo dos lucros normais, de forma que as decisões do conjunto de empresas de uma economia conduzem as escolhas da aplicação dos recursos da sociedade – o que, como, quanto e para quem produzir. As escolhas individuais das empresas são governadas pelo objetivo de maximização de lucros, que corresponde à quantidade produzida que proporciona os maiores lucro dentre o conjunto de quantidades que uma planta permite produzir (curto prazo), ou à escolha da planta ótima, a que permite obter maior lucratividade dentre o conjunto de dimensões alternativas de plantas no âmbito da tecnologia vigente.
            Leon Walras, tem a imagem da empresa mais acentuada. A empresa aparece sob a forma de empresários que comparecem no mercado de fatores como demandantes de seus serviços e no mercado de bens como ofertantes dos produtos. Se as remunerações concedidas são os lucros do capital, salário do trabalho e a renda dos recursos naturais,os lucros extraordinários a que empresários poderiam eventualmente visar como resíduo – resultante do desconto dos custos de produção do valor dos bens – se acumular por pressão da competição.

Empresas como instituição: A contribuição de Coase
            De Acordo com Richard Coase, a empresa é vista como um arranjo institucional que substitui a contratação renovada de fatores no mercado por uma outra forma de contratação, representada por um vínculo duradouro entre fatores de produção. Na contratação entre capital e trabalho, por exemplo, seria a diferença entre contratar um trabalhador mediante um contrato de trabalho, ou seja, para desempenhar esta tarefa ao longo de futuro indeterminado, incluindo as variações que a tarefa pode assumir ao longo do tempo.

Outras visões de empresa como instituição: Marshall
            Marshall é sem dúvida o fundador da vertente neoclássica de análise do equilíbrio parcial. Efetivamente Marshall utilizou nessa análise a figura de uma empresa idealizada, a empresa representativa, que seria madura o suficiente para estar de posse de capacitações representativas do desenvolvimento geral da indústria e do conjunto de empresas produtoras da mercadoria em análise de equilíbrio.
            Para Marshall, o crescimento da empresa individual na industria se faz sob rendimentos crescentes. O autor explica que empresas maiores se beneficiam de vantagens de adoção de técnicas, na compra de grandes volumes, no uso de instrumentos de comercialização acessíveis às empresas maiores.
            A explicação marshaliana é a de que as empresas não podem reter e desenvolver eternamente as vantagens do tamanho porque, ao final da primeira geração fundadora da empresa, há perda de vigor no trabalho da gerência; e sua substituição pelas gerações posteriores faz prosseguir a debilidade porque seus gerentes são determinados hereditariamente, não sendo selecionando pelo mercado a sua capacidade.

Outras da Empresa como instituição: Gerenecialistas e Penrose
            Para a corrente gerencialista, rejeita-se o processo de maximização do lucro como o determinante exclusivo do comportamento decisório da empresa. Um elemento chave na configuração dos modelos desta corrente refere-se à separação entre propriedade e controle, uma nova característica organizacional das empresas ao introduizr a figura do gerente profissional – representando o seu corpo executivo.
            Edith Penrose formulou uma teoria da empresa que se destaca deste conjunto por retomar a problemática esboçada por Marshall, dando uma maior organicidade à discussão de empresas que crescem acumulando capacidade e recursos. Para a autora, a empresa reúne e combina recursos , mas esta função contrasta com a empresa neoclássica porque não há relação biunívoca entre um recurso e os serviços que dele se podem obter. Estes dependem dom ambiente (empresa) em que os recursos são utilizados, com especial importância para os conhecimentos utilizados quando do seu emprego.

A Visão neoschumpeteriana de empresa
            Uma corrente teoria economica contemporânea em que a empresa se apresenta como agente que acumula capacidade organizacionais é a dos neoschumpeterianos. Ao invés da escolha racional e permanentemente renovada proposta pela corrente principal da teoria econômica, as empresas se comportam de acordo com rotinas cristalizadas através de sua experiência, que possuem o papel de coordenar a atividade interna dos membros da empresa, à semelhança de um código genético.

Estrutura Organizacional Interna da Empresa
            As proposições de Oliver Williamson e Alfred Chandler relativas à existência de dois modelos estilizados de estrutura organizacionais – o formato unitário (forma U) e a empresa multidivisional (M).
            De maneira simplificada, é possível diferenciar os seguintes modelos organizacionais de empresas diversificadas:
·         Empresa Multiproduto: produz vários bens colocados junto a mercados distintos.
·         Empresa Verticalmente Integrada: envolve a atuação da empresa em diversos estágios da cadeia produtiva associada à transformação de insumos em bens finais de determinada indústria.
·         Conglomerado Gerencial: corresponde a um tipo de empresa diversificada que está presente em vários mercados, envolvendo produtos pouco relacionais entre si.
·         Conglomerado Financeiro: corresponde a um tipo de empresa diversificada que está presente em diversos mercados que não se encontram relacionados entre si.
·         Companhia de Investimento: de modo semelhante ao conglomerado financeiro, também se baseia na distribuição de recursos líquidos entre atividades não relacionadas.

Conceitos de Indústria e Mercado
            A dicotomia concorrência perfeita/monopolista, abre espaço abstrato de encontro de oferta e demanda, adotando-se uma noção de produto como algo absolutamente bem definido e, portanto, perfeitamente distinguindo na análise dos consumidores. A suposição de um crescimento da empresa marcado pela crescente diferenciação de produto, além de um movimento de expansão diversificante da atividade produtiva como uma estratégia.
            O mercado, portanto, corresponde à demanda por um grupo de produtores substitutos próximos entre si.

Cadeia produtivas e Complexos industriais
            É o mais comum. Assim, na medida em que a competitividade das empresas depende do seu meio ambiente imediato, a arena concorrencial se amplia, deixando de ser apenas a dos mercados imediatos de venda de mercadorias/serviços e aquisição de insumos, para também incorporar mercados acima e abaixo da cadeia produtiva em que a empresa está atuando.
            Existem tipos de cadeia produtiva, tais como: cadeia produtiva empresarial; cadeias produtivas setoriais.


            

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Questões - Teoria do Desenvolvimento Agrícola



EXPROPRIAÇÃO E VIOLÊNCIA
UMA QUESTÃO POLÍTICA NO CAMPO.

1.    Como se caracteriza o processo de expropriação?
É o divorcio entre os trabalhadores e as coisas de que necessita para trabalhar, caracterizado pelo fortalecimento das relações de trabalho com os fazendeiros, ou seja, os produtores deixam de possuir os instrumentos de trabalho e a pratica da produção para o próprio consumo, passando a vender sua força de trabalho.

2.    O que significa a expressão “terra de negócios e terra de trabalho”?
Terra de negócios é a terra usada pelo capitalista no sentido de explorar o trabalho alheio, visando lucro. A terra de trabalho é a terra usada pelo lavrador para a produção e reprodução de meios para garantir a sua sobrevivência.
3.    Qual o motivo da migração dos lavradores?
Foi o preço exorbitante da terra nos seus lugares de origem, deixando-os sem condições de ampliar suas oportunidades de trabalho e impossibilitando a continuidade na lavoura.
4.    Sabemos que a expropriação pode ocorre de forma indireta pelos capitalistas, com base nisso aponte essa forma.

No momento em que os rendimentos do trabalho agrícola são amplamente absorvidos pelas grandes empresas capitalistas que estão criando mecanismos quase compulsórios de comercialização das safras. Nesse caso as empresas subjulgam o produto do trabalho do lavrador, que recebem cada vez menos pelo que produz. 

terça-feira, 25 de junho de 2013

A MILITARIZAÇÃO DA QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL


" Se a mão de Deus protege e molha o nosso chão, por que será que tá faltando pão?"






A questão da luta agrária nacional tem varias bases ideológicas e aspectos diferentes em relação às diferentes classes agrárias e territórios disputados por estes juntamente com grandes capitalistas rurais e grileiros. Fazer reforma agrária, para promover a classe menos favorecida do meio rural, lutar contra a expropriação, a peonagem, a grilagem de terras e as mais diversas formas de violência no campo, nunca foi, e muito menos é interesse dos governantes do país, uma vez que sempre apoiaram a propriedade privada, tanto no caráter jurídico como no caráter judiciário.
O Brasil evidencia lutas agrárias desde o seu “descobrimento”, os índios tiveram suas terras invadidas e tomadas pelos portugueses que aqui chegaram, foram descriminados pelos seus hábitos culturais e religiosos, explorados, escravizados, e os que não aceitaram, foram exterminados. Depois da falência desse sistema os portugueses passaram a demarcar áreas de terras e “doa-las” para os que aqui quisessem viver, muitos deles marginais, no contexto histórico essa doação se caracteriza com o que chamamos de capitanias hereditárias, onde a posse da terra passava de herdeiro para herdeiro, uma das causas da concentração dos latifúndios. A perseguição ao camponês torna-se  mais acentuada e violenta com o golpe militar de 1964, onde os militares tomaram o governo do até então presidente João Goulart, com uma proposta de desenvolvimento nacional, com base na modernização da indústria nacional, incentivo a entrada de investimento estrangeiro direto e modernização da agricultura e pecuária. A questão agraria brasileira agora passa a ser uma questão militar, com intervenções militares em conflitos por terras em todas as regiões do Brasil, o governo militar, as forças de defesas nacionais e o poder judiciário foram ausentes na promoção de melhores condições de vida para os camponeses e para aqueles que utilizam a sua força de trabalho no meio rural, entre eles trabalhadores rurais e posseiros que ocupam certo território, mas que não possuem a posse dessa terra, o que abre a possibilidade de serem expropriados por grandes capitalistas, ou terem suas terras griladas pelos “traficantes de terras”.
A luta dos trabalhadores rurais, meros produtos e produtores do sistema capitalista,adquire caráter trabalhista com a presença do trabalhador livre e assalariado, trava-se disputas entre o proletariado e grande capitalista que antes era o senhor do engenho tem a nomenclatura alterada: fazendeiros ou capitalistas. Trabalhadores registrados reúnem-se em sindicatos, o que possibilita um poder maior de barganha em relação a luta salarial, já os trabalhadores não registrados, chamados de clandestinos, são explorados chegando a ter cargas horárias de trabalho superiores a 14 horas diárias, salário abaixo do salário real, privados de direitos trabalhistas. Caso diferente acontece com os posseiros, já que a terra é o seu instrumento de trabalho, diferente dos trabalhadores rurais, onde a terra é um fator de trabalho, os posseiros lutavam pela legalização de sua situação, pois ocupavam terras que não eram de sua propriedade legal, mas sim instrumento de trabalho e exploração que eram inutilizadas pelo grande latifundiário, sendo objeto de especulação ou apenas pasto para o gado.
 Vale ressaltar a importância do movimento campesinato organizado nesse período o “MST- Movimento Sem Terra”, organizado inicialmente no estado do Paraná, e que rapidamente expandiu-se para todo o pais,era trabalhadores marginalizados pelo capitalismo que buscavam direitos como:reforma agrária, melhor condições de vida no campo, o movimento era composto principalmente por trabalhadores rurais e filhos de camponeses que por terem famílias numerosas não tinham terra suficiente para produzir e consequentemente para subsistência.

A classe do campesinato brasileiro mobiliza segmentos distintos como a Igreja, a principio a evangélica e posteriormente a católica que até hoje levanta a bandeira do movimento, destinando pastorais especificas como a Pastoral da Terra. A influência religiosa data de um tempo passado, durante os primeiros conflitos da era Republicana como Canudos, onde o “conselheiro” por meio do evangelho orientava aos sertanejos marginalizados em “sem terra” a lutarem contra o regime de exploração, buscavam a terra prometida, da libertação e acreditavam que a profecia bíblica cumpria-se ali no Sertão da Bahia no arraial de Canudos. É o mais extermínio de camponeses que a história registra e que depois de mais de 2 séculos a luta ainda não cessa e que a morte de Antonio Conselheiro(Canudos), Zé Maria (Contestado) e de líderes tanto religiosos como os cangaceiros do Sertão (Lampião) não representou o fim da luta. 

terça-feira, 18 de junho de 2013

A gota que faltava

Para entender melhor o que está acontecendo na rua, imagine que você é o presidente de um um país fictício. Aí você acorda um dia e resolve construir um estádio. Uma “arena”.
O dinheiro que o seu país fictício tem na mão não dá conta da obra. Mas tudo bem. Você é o rei aqui. É só mandar imprimir uns 600 milhões de dinheiros que a arena sai.
Esses dinheiros vão para bancar os blocos de concreto e o salário dos pedreiros. Eles recebem o dinheiro novo e começam a construção. Mas também começam a gastar a grana que estão recebendo. E isso é bom: se os caras vão comprar vinho, a demanda pela bebida aumenta e os vinicultores do seu país ganham uma motivação para produzir mais bebida. Com eles plantando mais e fazendo mais vinho o PIB da sua nação fictícia cresce. Imprimir dinheiro para construir estádio às vezes pode ser uma boa mesmo.
                                       

Mas e se houver mais dinheiro no mercado do que a capacidade de os vinicultores produzirem mais vinho? Eles vão leiloar as garrafas. Não num leilão propriamente dito, mas aumentando o preço. O valor de uma garrafa de vinho não é o que ela custou para ser produzida, mas o máximo que as pessoas estão dispostas a pagar por ela. E se muita gente estiver com muito dinheiro na mão, essa disposição para gastar mais vai existir.
Agora que o preço do vinho aumentou e os vinicultores estão ganhando o dobro, o que acontece? Vamos dizer que um desses vinicultores resolve aproveitar o momento bom nos negócios e vai construir uma casa nova, lindona. E sai para comprar o material de construção.
Só tem uma coisa. Não foi só o vinicultor que ganhou mais dinheiro no seu país fictício. Foi todo mundo envolvido na construção do estádio e todo mundo que vendeu coisas para eles. Tem bastante gente na jogada com os bolsos mais cheios. E algumas dessas pessoas podem ter a idéia de ampliar as casas delas também. Natural.
Então as empresas de material de construção vão receber mais pedidos do que podem dar conta. Com vários clientes novos e sem ter como aumentar a produção do dia para a noite, o cara do material de construção vai fazer o que? Vai botar o preço lá em cima, porque não é besta.
Mas espera um pouco. Você não tinha mandado imprimir 600 milhões de dinheiros para fazer um estádio? Mas e agora, que ainda não fizeram nem metade das arquibancadas e o material de construção já ficou mais caro? Lembre-se que o concreto subiu justamente por causa do dinheiro novo que você mandou fazer.
Mas, caramba, você tem que terminar a arena. A Copa das Confederações Fictícias está logo ali… Então você dá a ordem: “Manda imprimir mais 1 bilhão e termina logo essa joça”. Nisso, os fabricantes de material e os funcionários deles saem para comprar vinho… E a remarcação de preços começa de novo. Para quem vende o material de construção, tudo continua basicamente na mesma. O vinho ficou mais caro, mas eles estão recebendo mais dinheiro direto da sua mão.
Mas para outros habitantes do seu país fictício a situação complicou. É o caso dos operários que estão levantado o estádio. O salário deles continua na mesma, mas agora eles têm de trabalhar mais horas para comprar a mesma quantidade de vinho.
O que você fez, na prática, foi roubar os peões. Ao imprimir mais moeda, você diminuiu o poder de compra dos caras. Inflação é um jeito de o governo bater as carteiras dos governados.
Foi mais ou menos o que aconteceu no mundo real. Primeiro, deixaram as impressoras de dinheiro ligadas no máximo. Só para dar uma ideia: em junho de 2010, havia R$ 124 bilhões em cédulas girando no país. Agora, são R$ 171 bilhões. Quase 40% a mais. Essa torrente de dinheiro teve vários destinatários. Um deles foram os deputados, que aumentaram o próprio salário de R$ 16.500 para de R$ 26.700 em 2010, criando um efeito cascata que estufou os contracheques de TODOS os políticos do país, já que o salário dos deputados federais baliza os dos estaduais e dos vereadores. Parece banal. E até é. Menos irrelevante, porém, foi outro recebedor dos reais novos que não paravam de sair das impressoras: o BNDES, que irrigou nossa economia com R$ 600 bilhões nos últimos 4 anos. Parte desse dinheiro se transformou em bônus de executivo. Os executivos saíram para comprar vinho… Inflação. Em palavras mais precisas, o poder de compra da maioria começou a diminuir. Foi como se algumas notas tivessem se desmaterializado das carteiras deles.
Algumas dessas carteiras, na verdade, sempre acabam mais ou menos protegidas. Quem pode mais tem mais acesso a aplicações que seguram melhor a bronca da inflação (fundos com taxas de administração baixas, CDBs que dão 100% do CDI…, depois falamos mais sobre isso). O ponto é que o pessoal dos andares de baixo é quem perde mais.
Isso deixa claro qual é o grande mal da inflação: ela aumenta a desigualdade. Não tem jeito. E esse tipo de cenário sempre foi o mais propício para revoltas. Revoltas que começam com aquela gota a mais que faz o barril transbordar. Os centavos a mais no ônibus foram essa gota.

O texto até aqui é uma matéria na íntegra da Revista Super Interessante da editora Abril, que inclusive   recomendo a leitura da edição 317 de Abril desse ano na qual é possível encontrar uma edição clara, interativa e real do verdadeiro "Custo Brasil", do qual acredito ser a ponta do Iceberg de todas as manifestações que acontecem de norte a sul do país. 

Um povo que agora reclama com o "dono" do Brasil pelo excesso na emissão, quer quebrar a impressora e secar o reservatório com a tinta que imprimiu irracionalmente tantas cédulas e distribuiu pelas mãos de um falso Robin Hood.

" Polvo" do meu Brasil, pátria- amada - independente SIM!


sábado, 18 de maio de 2013

Aposentado planta 16 mil árvores em áreas abandonadas na zona leste de SP


Caminhando pela parte mais fechada da vegetação até o local onde as mudas são recém-plantadas, o administrador aposentado Hélio da Silva, 62, sabe dizer a idade de quase todas as árvores do parque linear Tiquatira, na Penha, zona leste. É ele quem vem plantando exemplares na região há dez anos.
Jequitibá, ingá, pitangueira, jacarandá... Hélio aponta suas favoritas e conta história. "Essa aqui é uma imbaúba. Essa outra, calabura, atrai 52 espécies de passarinho."
Mesmo tendo voltado a trabalhar após a aposentadoria, Hélio começou a plantar em 2003, às margens do rio, que fica a alguns quarteirões de sua casa. "Isso tudo era um descampado, cheio de sujeira."
Árvores no Tiquatira
Hélio da Silva, 62, plantou mais de 16 mil árvores no parque linear Tiquatira, na Penha
A ideia era colocar 5.000 unidades; hoje, na contagem do próprio Hélio, são 16.591 árvores de 170 espécies diferentes, a maioria nativa da mata atlântica.
"Algumas pessoas acham que sou funcionário da prefeitura", afirma ele, que teve de conseguir autorização da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente antes de plantar e não ganha nada pelo trabalho. Por um tempo, diz que gastou R$ 2.000 por mês com mudas e adubo.
PROBLEMAS
Além de plantar, é preciso cuidar da herança que ele diz deixar para os três filhos, os netos e a cidade. Assim, agora no outono, que não é época de plantio, ele poda as mudas. "São Paulo me deu tudo. Estou só retribuindo."
Ele conta que, quando começou, achavam que era louco. Sua mulher, Leda Vitoriano, era uma dessas pessoas. "Eu dizia: 'Você faz tudo e quem vai levar a fama são os vereadores'", conta ela, que acha que o casal comprou brigas desnecessárias.
A principal foi com comerciantes da região, já que a vegetação começou a tapar a visão das lojas da avenida Carvalho Pinto. As primeiras 500 mudas foram destruídas. "De cada dez que eu plantava, arrancavam oito."
Após quatro anos e 5.000 árvores, a prefeitura transformou, em 2007, o Tiquatira no primeiro parque linear (ao longo de rios) da cidade e lá instalou banheiros e equipamentos de lazer.
Há 12 anos no ponto, o vendedor de coco Antônio Ferreira, 52, testemunhou o processo. "As pessoas começaram a caminhar mais aqui, o movimento dobrou."
Mas Hélio também ouve piadinhas. "Me perguntam para quem estou plantando. Digo: 'Pro seu neto, porque logo, logo você já era!'."


Fonte: Folha de São Paulo. Em 11/05/2013

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Por ai...



Acho é lindo essa MP dos Portos bolando tanto por ai...
A turma da Dilma batendo na trave, mas impossibilitada de fazer gol.
O que é mais lindo ainda é ver tanto revolucionário, defensor de bandeiras socialistas, opositor ao liberalismo, inimigo das privatizações e seus derivados, vestirem a camisa. 
Um Brasil feito por dois tipos de "POLVOS", aqueles que enganam pra chegar no poder e atender seus anseios e dos correligionários, e do povo humilde que gritam de  norte ao sul por melhores condições de vida, de trabalho, de dignidade, gente que quer educação melhor, quer saúde, quer segurança. Dizem por ai que a constituição garante tudo isso, dizem... mas eu desconfio! 

Total atividade!


        Após o final da monografia II   resolvi elencar como meta maior atenção a esse espaço, não que eu tenha tempo sobrando, pude perceber que tempo é algo tão relativo e que prioridades são prioridades, devem prevalecer sobre todos e tudo, inclusive nesse ano (2013) que resolvi dar maior atenção a minha vida profissional (anos anteriores família, empresa, amigos, e amor estavam em alta) . Quero tornar esse blog útil para aqueles que estão entrando no barco agora, pra aqueles que já fizeram a viagem e para os capitães, que já estão no barco a muito tempo e que enfrentaram as tempestades e que conhecem bem a calmaria de um mar complexo e instável.
        Será um local para debate, troca,  tira -dúvidas  e coisas cotidianas, tipicas do economista (diga-se de passagem a profissão mais linda, mais completa que eu conheço, Rsrs, desculpe-me a modéstia... se não existisse eu inventaria!) .
         Percebi também que a quantidade de leitores tem aumentado o que diretamente reflete na minha vontade (obrigação) de escrever por aqui!!


Vamos, que vamos!!

terça-feira, 14 de maio de 2013

A EMPRESA TRANSNACIONAL




Os desenvolvimentos teóricos recentes a respeito da empresa transnacional (ET) ainda são ignorados ou minimizados. No entanto o entendimento sobre ET é de fundamental importância. No contexto atual processo de globalização, a ET é o principal lócus de acumulação e de poder econômico a partir do seu controle sobre ativos específicos (capital, tecnologia e capacidade gerencial, organizacional e mercadológica). No capitalismo contemporâneo, a ET encontra-se cada vez mais identificada com a categoria de grupo econômico do que com a de empresa.
            A ET é a empresa de grande porte que controla ativos em pelo menos dois países. A ET responde pela quase totalidade dos fluxos de investimentos externo direto (IED). A teoria desenvolvida, assenta-se na relação entre empresa, o território e o sistema econômico, A ET é entendida como o principal agente dos processos de internacionalização da produção, centralização e concentração do capital, e de destruição criadora.
            Na dimensão microeconômica, a ET é o agente de realização do processo de internacionalização da produção. Esse processo ocorre sempre que residentes têm acesso a bens e serviços com origem em não – residentes (isto é, mercadorias originalmente produzidas por não residentes). E ele se expressa de três formas: exportação, licenciamento de ativos e investimento externo direto. A literatura analisa a ET, a  primeira contribuição importante, utilizando o enfoque de organização industrial para o estudo dos determinantes do IED, foi dada por Penrose em 1956. O argumento básico de Penrose é que o IED é uma conseqüência do processo de crescimento da empresa. Ela argumenta que as empresas têm uma forte tendência para se expandir, e expansão significa diversificação da produção, assim como penetração em novos mercados internos e externos.
            A idéia de que uma empresa deve possuir algumas vantagens de modo a poder penetrar em mercados externos por meio do IED foi na realidade, a contribuição básica de Hymer em 1960. Segundo esse autor, empresas engajam-se em operações externas porque têm algumas vantagens que as empresas do país receptor do investimento não têm.
            A visão abrangente da internacionalização do capital consiste em entender o fenômeno da ET como um epifenômeno da própria dinâmica de desenvolvimento capitalista. A ET surge, então, como resultante da convergência dos processos de concentração e centralização do capital e de destruição criadora. A ET é o principal objeto da macro dinâmica capitalista, mas também é o seu principal sujeito. A ET é a grande empresa capitalista e o principal agente de realização dos processos de internacionalização da produção, concentração e centralização do capital, e de destruição criadora.
            A ET tem como característica básica o fato de ser uma grande empresa e possuir vantagens especificas. No entanto, a posse de vantagens especificas à propriedade surge como condição necessária, porém não suficiente, para explicar o movimento de internacionalização da produção em termos do seu movimento inicial, das formas assumidas, e da distribuição espacial (escolha de territórios). A “condição de suficiência” seria determinada pela interação de um conjunto de fatores locacionais específicos. Interagindo com os elementos sistêmicos e específicos às empresas (microeconômicas), os fatores locacionais aparecem como variáveis determinantes para a escolha da forma do movimento de internacionalização da produção. 
            O fato é que os próprios fatores locacionais específicos (operando no território, no espaço nacional ) dependem de fatores sistemáticos, pois eles surgem em função das necessidades de expansão do sistema capitalista em escala mundial. No caso de fatores sistêmicos que afetam os fatores locacionais específicos, o exemplo óbvio é o processo de desenvolvimento dependente dos países do Sul. Nos países do Norte, podemos destacar os gastos militares dos governos nacionais que estimulam o progresso tecnológico.
            A visão abrangente da natureza da ET procura ter um caráter histórico na medida em que aceita o fato de que a cada momento a interação de fatores econômicos, políticos, sociais e culturais define um novo conjunto de pesos específicos para as variáveis determinantes. Em conseqüência, a resultante das variáveis muda de uma forma incessante, o que nos remete a uma analise dinâmica do processo de internacionalização da produção por meio da expansão das empresas transnacionais. Em síntese, a ET é sujeito e objeto dos processos de internacionalização da produção, centralização e concentração do capital e destruição criadora. 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A Politica Ambiental


           


           A Política Ambiental é o conjunto de metas e instrumentos que visam reduzir os impactos negativos da ação antrópica – do homem – sobre o meio ambiente. Como toda política, possui justificativa para sua existência, fundamentação teórica, metas, instrumentos e prevê penalidades para aqueles que não cumprem as normas estabelecidas. Interfere nas atividades dos agentes econômicos, portanto, a maneira pela qual é estabelecida influencia as demais políticas públicas, inclusive as políticas industrial e de comércio exterior.
            A Importância da Política Ambiental tem sido crescente, principalmente nos países industrializados, e seus efeitos sobre o comércio internacional podem ser percebidos com o surgimento de barreiras não – tarrifárias.
            As matérias – primas e energia são os insumos da produção, tendo como resultados o produto final e as rejeitos industriais – fumaça, resíduos sólidos e efluentes líquidos. Como os recursos naturais utilizados nos processos industriais são finitos, e muitas vezes não – renováveis, a utilização deve ser racional a fim de que o mesmo recurso possa servir para a produção atual e também para as gerações futuras – esse é o principio de Desenvolvimento Sustentável.
            A Poluição é vista como uma externalidade negativa e a solução para o problema é que o poluidor internalize as externalidades – principio do produtor- pagador. Porque não se cria um mercado para negociar a quantidade de poluição aceitável? Essa questão foi levantada por Ronald Coase em 1960, na qual o argumentava que a solução dos problemas ambientais pode surgir por meio da livre negociação entre as partes envolvidas. A hipótese básica do argumento é que quanto maior a redução na polução, maior é o custo marginal de abatê-la e menor é o beneficio marginal para a parte afetada. 


domingo, 12 de maio de 2013

O Problema da seca no Nordeste não é a falta de água.


Mais de 250 municípios decretaram estado de emergência por conta da seca prolongada no Nordeste. O nível dos açudes está baixo, sendo que alguns já secaram. Plantações se perderam. Quem tem cisterna ou reservatório na propriedade está conseguindo garantir qualidade de vida para a família e as criações.
Dilma Rousseff tem reunião, nesta segunda (23), com governadores do Nordeste e deve tratar da seca e de medidas que serão tomadas pelo governo federal para ajudar a mitigar seus efeitos.
Tempos atrás, durante outra estiagem, fiz um ping-pong curto com João Suassuna, engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco. Ele é um dos maiores especialistas na questão hídrica nordestina. Entrei em contato com ele de novo e refiz as perguntas. Pouco mudou.
Por mais que haja evaporação e açudes sequem, a região possui uma grande quantidade de água, suficiente para abastecer sua gente. Segundo Suassuna, o problema não é de falta de recursos naturais, mas de sua distribuição.

Falta água no Nordeste?

O Nordeste brasileiro é detentor do maior volume de água represado em regiões semi-áridas do mundo. São 37 bilhões de metro cúbicos, estocados em cerca de 70 mil represas. A água existe, todavia o que falta aos nordestinos é uma política coerente de distribuição desses volumes, para ao atendimento de suas necessidades básicas.

O que é o projeto de transposição do São Francisco?

O projeto do governo, remanescente de uma idéia que surgiu na época do Império, visa ao abastecimento de cerca de 12 milhões de pessoas no Nordeste Setentrional, com as águas do rio São Francisco. Ele foi idealizado para retirar as águas do rio através de dois eixos (Norte e Leste), abastecer as principais represas nordestinas e, a partir delas, as populações. Hoje, as obras estão praticamente paralisadas, com alguns trechos dos canais se estragando com o tempo, apresentando rachaduras.

Então ele é a saída para essa distribuição?

O projeto é desnecessário tendo em vista os volumes d´água existentes nas principais represas nordestinas. Da forma como o projeto foi concebido e apresentado à sociedade, com o dimensionamento dos faraônicos canais, fica clara a intenção das autoridades: será para o benefício do grande capital, principalmente os irrigantes, carcinicultores [criadores de camarão], industriais e empreiteiras.

Então, há outras alternativas para matar a sede e desenvolver a região?

A solução do abastecimento urbano foi anunciada pelo próprio governo federal, através da Agência Nacional de Águas (ANA), ao editar, em dezembro de 2006, o Atlas Nordeste de Abastecimento Urbano de água. Nesse trabalho é possível, com menos da metade dos recursos previstos na transposição, o beneficio de um número bem maior de pessoas. Ou seja, os projetos apontados pelo Atlas, com custo de cerca de R$ 3,6 bilhões, têm a real possibilidade de beneficiar 34 milhões de pessoas, em municípios com mais de 5.000 habitantes.
O meio rural, principalmente para o abastecimento das populações difusas – aquelas mais carentes em termos de acesso à água, poderá se valer das tecnologias que estão sendo difundidas pela ASA (Articulação do Semiárido), através do uso de cisternas rurais, barragens subterrâneas, barreiros, trincheiras, programa duas águas e uma terra, mandalas etc.
Enquanto isso, o orçamento do projeto de Transposição não pára de crescer. No governo Sarney, ele foi dimensionado com um único eixo e tinha um orçamento estimado em cerca de R$ 2,5 bilhões. Na gestão Fernando Henrique, ganhou mais um eixo e o orçamento pulou para R$ 4,5 bilhões. No governo Lula, saltou para R$ 6,6 bilhões. E, agora, no governo Dilma, chegou na casa dos R$ 8,3 bilhões. Como se trata de um projeto de médio a longo prazo, essa conta chegará facilmente à cifra dos R$ 20 bilhões nos próximos 25 a 30 anos.




Notas do blog:
- O governo Dilma mudou a política de apoio à construção de cisternas que vinha sendo tocada pela ASA através do projeto “Um Milhão de Cisternas para o Semiárido”. Para acelerar a produção de cisternas (gigantes caixas d’água que guardam a água da chuva), as placas de cimento foram trocadas por pré-moldados de polietileno – que podem deformar com o calor, custam mais que o dobro que os feitos com a matéria-prima anterior, não utilizam mão-de-obra local na sua confecção (não gerando renda) e tem manutenção mais complexa do que se fossem feitos de alvenaria. As organizações sociais criticaram a tomada de decisão centralizada, sem questionar quem vem executando e se beneficiando da política pública na base.
- No ano passado, a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União constataram um desvio de R$ 312 milhões em verbas do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), que poderiam estar sendo utilizadas para diminuir o impacto da estiagem deste ano.
Como disse, o problema não é de falta e sim de distribuição. De água, de decisões, de recursos. Enfim, de cidadania.


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Plano Bresser x Plano Verão – Uma análise critica do período

   O Plano surge como meio se substituir o então fracassado plano cruzado, mas se mostra ineficaz tanto quanto o plano que o deu lugar, não dando conta de estabilizar a inflação em nosso país, e cedendo lugar posteriormente ao “Plano Verão”. Em 1987  no governo de Sarney o ministro  da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira, assume com a missão de controlar a inflação herdada do fracassado Plano cruzado.

    O principal objetivo do plano não era acabar com a inflação, nem com a indexação, mas evitar a sua aceleração e a hiperinflação, e para isso era necessário diminuir o déficit público que já representava uma parte considerável do PIB, pois nesta época os gastos do governo eram superiores as receitas provenientes dos impostos recolhidos no território nacional.
            
As medidas adotadas:

·        Congelamento de salários, com inflação corrigida após seis meses ao nível de 12 de julho;
·  Congelamento de preços por três meses, observando que aumentaram vários preços antes do congelamento;
·   Mudança da base do índice de Preços ao Consumidor (IPC), incorporada a inflação para não sobrecarregar o mês de julho;
·   Desvalorização do câmbio em 9,5% em ao nível de 12 de junho, sem congelamento, mas com desvalorizações suaves, e com menor ritmo;
·         Congelamento do preço de aluguéis de junho sem nenhuma compensação;
·         Manutenção dos contratos pós fixados e desvalorização mensal de 15% para os pré fixados;
·         Criação da (URP), unidade Referencial de Preços, que
corrigia os salários de três em três meses.

    Vale ressaltar que foi mantida uma política fiscal com taxa de juros positiva para incentivar a poupança. Como política de curto prazo o Plano Bresser teve êxito, inclusive conseguiu equilibrar a balança comercial, mas com o aperto nos preços, a indústria se sentiu desestimulada a produzir por conta do aumentos nos custos.O desequilíbrio de preços fez com que a inflação voltasse novamente, pois as pressões das classes trabalhadora e industrial que resultou em ganhos de reajustes para várias categorias começando pelos funcionários do governo e se espalhou para todas as classes.

     E em dezembro de 1987, o plano não conseguiu controlar mais o déficit público, apesar de ser este seu objetivo principal.Impossibilitado de tocar a política monetária em virtude de interesses contrários do governo Sarney, não o permitindo manter a austeridade fiscal, Bresser pede demissão e assume o Ministro Maílson da Nóbrega que já inicia
propondo uma política econômica sem medidas drásticas, tenta conviver com a inflação fazendo ajustes localizados, essa política foi denominada de "Feijão com Arroz", a qual deveria evitar a hiperinflação. Porém em 1988 a inflação chega a 933% e o governo lança mais um plano econômico.
     E em 15 de janeiro de 1989, Plano Verão determina o corte de três zeros; criando o "Cruzado Novo" mais um congelamento de preços é extinta a correção monetária e o plano propõe a privatização de algumas estatais e cortes nos gastos públicos, onde os funcionários contratados nos últimos cinco anos seriam exonerados. Os cortes não aconteceram ficaram somente no papel. O governo não realizou nenhum ajuste fiscal, as discussões no congresso sobre o período do mandato de presidente impediram qualquer tentativa de medidas mais austeras

    O Plano Verão vira estatística que passa a preencher o rol de planos econômicos desastroso do período. Em dezembro do mesmo ano a inflação atingiu 53,55%. E de 1989 a 1990, a inflação chega a marca de 2.751%.a.a.

          

Material de Apoio


ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA - A Saga dos Planos Heterodoxos: A economia Brasileira de 1985 a 1994. Cap. 17
http://www.docstoc.com/docs/4284448/Plano-Ver%C3%A3o. Acessado em 19/07/2011.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Efeito da energia mais barata na inflação será 'significativo' - diz BC


O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, avaliou nesta quarta-feira (12), durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, a redução do custo da energia elétrica em 2013, anunciada pelo governo, terá efeito "significativo" e "expressivo" sobre a inflação. Entretanto, não citou números, dizendo que o detalhamento será feito somente no relatório de inflação, marcado para o fim de setembro.

A redução do preço da energia elétrica, segundo o governo, será resultado de cortes em encargos embutidos na conta de luz e da renovação de contratos de concessão. A queda na tarifa de energia elétrica para a alta tensão, ou seja, grandes empresas consumidoras, vai variar de 19,7% a 28%. Para o consumidor residencial, a queda no custo de energia vai ser de 16,2% a partir de 2013.

Nesta terça-feira (11), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que espera um impacto de 0,5 ponto percentual a um ponto percentual na inflação de 2013. "Calculando também os impactos indiretos. Isso é muito importante para 2013. As medidas que estão sendo tomadas, todas elas vão estimular investimentos, vão estimular o consumo, e, com isso, o Brasil vai ser um dos poucos países no mundo, no ano que vem, que vai crescer mais do que 4%", disse o ministro na ocasião.

Corte de Encargos

Segundo informações do governo, serão eliminados da conta de luz dois dos encargos setoriais incidentes: a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) e a Reserva Geral de Reversão (RGR). Já a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) será reduzida a 25% de seu valor atual. Em 2011, foram arrecadados R$ 5,571 bilhões com a CCC e outros R$ 2 bilhões com a RGR. Já com a CDE, foram arrecadados R$ 3,313 bilhões.

Criada na década de 1970, a CCC é usada para custear o combustível usado por usinas termelétricas para gerar energia na região Norte do país, onde o sistema elétrico não está integrado ao resto do país. O valor do encargo é calculado a partir da diferença entre os custos para gerar energia nos sistemas integrado e isolados, e a cobrança é rateada entre todos os consumidores do país.

A Reserva Global de Reversão (RGR), por sua vez, tem como finalidade financiar a expansão e a melhoria dos serviços de energia elétrica. O valor é calculado sobre os investimentos feitos por cada concessionária e administrado pela Eletrobrás.

Já a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que teve seu valor reduzido a 25% do atual, é usada para subsidiar as tarifas de energia dos consumidores de baixa renda e o programa Luz para Todos. O custo é rateado entre todos os consumidores atentidos pelo Sistema Interligado Nacional, e o valor das cotas é calculad pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Fonte: G1. Acessado em 12/09/2012

domingo, 9 de setembro de 2012

O Nordeste Brasileiro: contraponto inacabado da acumulação


"Em muitos casos, a raiva contra o subdesenvolvimento é profissional. Uns morrem de fome, outros vivem dela, com generosa abundância.”


(Nelson Rodrigues)

Com a criação da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) em 1959 com a implantação de um projeto de combate aos males que assola a população nordestina. Embora as mudanças ocorridas, sobretudo de natureza urbano-industrial, constata-se a pertinácia da pobreza e acintosas desigualdades sociais, submetendo vastos contingentes populacionais, conformando uma espécie de institucionalização da marginalização econômica e da alienação social.

Em 2002, segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), deduziu-se que das pessoas de 10 anos e mais, com rendimentos, 48,24% recebem até um salário mínimo e se apropriam, tão somente, de 14,83 % da renda total auferida por aquele segmento populacional. Por outra lado, considerando-se os rendimentos superiores a 20 salários, que representam apenas 1,34% do total de pessoas, que se apropriam de 19,05% da renda total. O rendimento médio mensal deste último segmento é nada menos que 36,6 vezes maior que o do primeiro. Este quadro de disparidade de renda revela um índice de Gini da ordem de 0,582 e, ainda mais, admitindo-se uma linha de pobreza igual a um salário mínimo vigente no período de referência da pesquisa R$ 200,00, temos que 48,97% dessas pessoas têm renda abaixo da mesma, expressando um hiato de pobreza igual a 22,69% de acordo com o Banco Mundial (2004).

Pesquisa realizadas em 2004 mostram o perfil da população economicamente ativa (PEA), 42,42% recebem no máximo um salário mínimo, 25,5 % estão em situação de subemprego, 25,5% são pessoas não remuneradas. Os analfabetos funcionais, ou seja aqueles que não possuem instrução formal ou têm menos de um ano de estudos representam 24,95% da população. É possível que 10,0 milhões de pessoas constituintes da força de trabalho nordestina se encontram exercendo ocupações que apenas permitem a sobrevivência nos limites possíveis da resistência humana, numa situação inconcebível de marginalização social, tendo-se em conta a modernização ocorrida no Brasil e no Nordeste, em particular nos últimos cinquenta anos. (Ferreira, 2002)

A questão da seca e do excesso de mão de obra nordestina não é um problema de hoje é algo que vem sendo discutido há muito tempo, o próprio estado tem buscado soluções para acabar com esse entrave que assola a região. No entanto as alternativas tem se mostrado ineficientes e a cada ano que passa a triste realidade não muda, na TV os noticiários relatam episódios semelhantes (escassez de recursos hídricos, queimadas, fome, pragas na plantação, perca da colheita). A questão não é o desconhecimento do problema, talvez seja o descaso, culpa de uma ideologia fatalista propagada pelas elites beneficiadora da situação vigente, seja pelo poder da dominação de um povo através de relações clientelistas que mantém até os tempos atuais figuras típicas de um nordeste ainda colonial, como o conhecido coronel e seus currais.

O processo de industrialização iniciado no Brasil à partir de 1930, moldou um “novo” Brasil a crise de 29 contribuiu de certa forma a implantação de uma nova dinâmica que deixava de lado o histórico manufatureiro brasileiro e obrigava- o a dar espaço a uma nova fase que tem como centro o setor industrial. Essas transformações privilegiaram beneficiaram alguns regiões, e em maior escolas, aquelas que já possuíam estrutura para desenvolver a reprodução ampliada do capital, como foi o caso da região Sudeste. Por causa desse fator a região Nordeste pode sair à frente das demais, principalmente do Nordeste que estava mergulhado em um Estado de semi-estagnação econômica, política e social.

A industrialização tardia no nordeste se deu por conta da falta de estrutura física da região. A relação de exploração capital humano, a predominância da agricultura de subsistência, tornava cada ainda mais distante a ideia de industrialização. Segundo Ferreira, foi o não interesse imediato por modificações estruturais nas relações produtivas que implicassem melhorias nas condições de trabalho, e consequentemente, em aumentos de produtividade, em grande medida, se fundamentava na existência de grande disponibilidade de terras cultiváveis que possibilitava sistemática expansão da fronteira agrícola. Além da baixa tecnologia utilizada para o cultivo, o êxodo rural foi decisivo para as pressões salariais.

É nesse contexto que estar inserida os fundamentos da desigualdades sociais entre as regiões.