Na Economia Industrial, em várias correntes, destaca-se
claramente a busca pela incorporação do crescimento e da acumulação de capital
das empresas como determinantes fundamentais da dinâmica da economia
capitalista. A crescente importância das grandes corporações, em geral
acumulando várias atividades produtivas, contrasta claramente com a empresa
idealizada pela escola tradicional neoclássica, gerando novas preocupações não
só com a própria ideia de empresa como também com seus espaços de concorrência,
sobretudo na definição de mercado e indústria.
Natureza
e Objetivos da Empresa
Para Chandler e Penrose existem duas definições de
empresa:
Em Chandler a empresa é uma entidade legal que estabelece
contratos com fornecedores, distribuidores, empregadores e, frequentemente, com
clientes. É também uma entidade administrativa, já que havendo divisão do
trabalho em seu interior, ou desenvolvendo mais de uma atividade, uma equipe de
administradores se faz necessária para coordenar e monitorar as diferentes
atividades.
A proposição de Penrose é complementar, indicando que os
teóricos fazem escolhas dentre os múltiplos aspectos da empresa. Uma empresa
não é um objeto observável de maneira fisicamente separada de outros objetos, e
é difícil de se definir a não se com referência ao que faz ou ao que é feito em
seu interior.
Consequentemente, cada analista é livre para escolher
quaisquer características da empresa nas quais esteja interessado, definir a
empresa em termos destas características e proceder de forma a chamar sua
construção de “empresa”.
Antes
da escola neoclássica: Acumulação de capital e elementos de uma teoria da
produção.
A escola clássica não chega a explicitar um agente de nome empresa. Nela estão presentes
como agentes as classes sociais – trabalhadores, proprietários de terras e
capitalistas. Para nosso uso, isto pode se explicar pelo fato da empresa
capitalista se ter constituído como agente de forma evolutiva, sendo
identificável de forma separada de seus proprietários à medida que evolui
juridicamente. Assim, antes da revolução industrial podem identificar-se
empresas na esfera comercial, mas a produção se faz em geral de forma doméstica
ou em oficinas de dimensões reduzidas. Mesmo no século XIX, as primeiras
empresas industriais (da indústria têxtil, por exemplo) são empresas familiares
ou sociedades de natureza jurídica simples, não separando a responsabilidade do
patrimônio familiar dos compromissos assumidos pelas empresas. Neste sentido a
empresa da escola clássica se identifica com o capitalista, e seu objetivo é
acumular capital em um ambiente competitivo representado por um sistema
capitalista em expansão.
A
empresa na escola neoclássica: Transformação nas leis dos rendimentos
A escola neoclássica trouxe para o centro da teoria
economia o problema da alocação de recursos escassos a necessidades ilimitadas.
Alferd Marshall em Principles of Economics, afirma que enquanto agente deste
sistema alocativo, a empresa neoclássica é vista como um agente que toma
decisões de produção (curto prazo) e de escolha do tamanho da planta (longo prazo),
incluindo a entrada ou saída de mercados onde os lucros estejam acima ou abaixo
dos lucros normais, de forma que as decisões do conjunto de empresas de uma
economia conduzem as escolhas da aplicação dos recursos da sociedade – o que,
como, quanto e para quem produzir. As escolhas individuais das empresas são
governadas pelo objetivo de maximização de lucros, que corresponde à quantidade
produzida que proporciona os maiores lucro dentre o conjunto de quantidades que
uma planta permite produzir (curto prazo), ou à escolha da planta ótima, a que
permite obter maior lucratividade dentre o conjunto de dimensões alternativas
de plantas no âmbito da tecnologia vigente.
Leon Walras, tem a imagem da empresa mais acentuada. A
empresa aparece sob a forma de empresários que comparecem no mercado de fatores
como demandantes de seus serviços e no mercado de bens como ofertantes dos
produtos. Se as remunerações concedidas são os lucros do capital, salário do
trabalho e a renda dos recursos naturais,os lucros extraordinários a que
empresários poderiam eventualmente visar como resíduo – resultante do desconto
dos custos de produção do valor dos bens – se acumular por pressão da
competição.
Empresas
como instituição: A contribuição de Coase
De Acordo com Richard Coase, a empresa é vista como um
arranjo institucional que substitui a contratação renovada de fatores no
mercado por uma outra forma de contratação, representada por um vínculo
duradouro entre fatores de produção. Na contratação entre capital e trabalho,
por exemplo, seria a diferença entre contratar um trabalhador mediante um
contrato de trabalho, ou seja, para desempenhar esta tarefa ao longo de futuro
indeterminado, incluindo as variações que a tarefa pode assumir ao longo do tempo.
Outras
visões de empresa como instituição: Marshall
Marshall é sem dúvida o fundador da vertente neoclássica
de análise do equilíbrio parcial. Efetivamente Marshall utilizou nessa análise
a figura de uma empresa idealizada, a empresa representativa, que seria madura
o suficiente para estar de posse de capacitações representativas do
desenvolvimento geral da indústria e do conjunto de empresas produtoras da
mercadoria em análise de equilíbrio.
Para Marshall, o crescimento da empresa individual na
industria se faz sob rendimentos crescentes. O autor explica que empresas
maiores se beneficiam de vantagens de adoção de técnicas, na compra de grandes
volumes, no uso de instrumentos de comercialização acessíveis às empresas
maiores.
A explicação marshaliana é a de que as empresas não podem
reter e desenvolver eternamente as vantagens do tamanho porque, ao final da
primeira geração fundadora da empresa, há perda de vigor no trabalho da
gerência; e sua substituição pelas gerações posteriores faz prosseguir a debilidade
porque seus gerentes são determinados hereditariamente, não sendo selecionando
pelo mercado a sua capacidade.
Outras
da Empresa como instituição: Gerenecialistas e Penrose
Para a corrente gerencialista, rejeita-se o processo de
maximização do lucro como o determinante exclusivo do comportamento decisório
da empresa. Um elemento chave na configuração dos modelos desta corrente
refere-se à separação entre propriedade e controle, uma nova característica organizacional
das empresas ao introduizr a figura do gerente profissional – representando o
seu corpo executivo.
Edith Penrose formulou uma teoria da empresa que se
destaca deste conjunto por retomar a problemática esboçada por Marshall, dando
uma maior organicidade à discussão de empresas que crescem acumulando
capacidade e recursos. Para a autora, a empresa reúne e combina recursos , mas
esta função contrasta com a empresa neoclássica porque não há relação biunívoca
entre um recurso e os serviços que dele se podem obter. Estes dependem dom
ambiente (empresa) em que os recursos são utilizados, com especial importância
para os conhecimentos utilizados quando do seu emprego.
A
Visão neoschumpeteriana de empresa
Uma corrente teoria economica contemporânea em que a
empresa se apresenta como agente que acumula capacidade organizacionais é a dos
neoschumpeterianos. Ao invés da escolha racional e permanentemente renovada
proposta pela corrente principal da teoria econômica, as empresas se comportam
de acordo com rotinas cristalizadas através de sua experiência, que possuem o
papel de coordenar a atividade interna dos membros da empresa, à semelhança de
um código genético.
Estrutura
Organizacional Interna da Empresa
As proposições de Oliver Williamson e Alfred Chandler
relativas à existência de dois modelos estilizados de estrutura organizacionais
– o formato unitário (forma U) e a empresa multidivisional (M).
De maneira simplificada, é possível diferenciar os
seguintes modelos organizacionais de empresas diversificadas:
·
Empresa Multiproduto: produz vários bens
colocados junto a mercados distintos.
·
Empresa Verticalmente Integrada: envolve
a atuação da empresa em diversos estágios da cadeia produtiva associada à
transformação de insumos em bens finais de determinada indústria.
·
Conglomerado Gerencial: corresponde a um
tipo de empresa diversificada que está presente em vários mercados, envolvendo
produtos pouco relacionais entre si.
·
Conglomerado Financeiro: corresponde a
um tipo de empresa diversificada que está presente em diversos mercados que não
se encontram relacionados entre si.
·
Companhia de Investimento: de modo
semelhante ao conglomerado financeiro, também se baseia na distribuição de
recursos líquidos entre atividades não relacionadas.
Conceitos
de Indústria e Mercado
A dicotomia concorrência perfeita/monopolista, abre
espaço abstrato de encontro de oferta e demanda, adotando-se uma noção de
produto como algo absolutamente bem definido e, portanto, perfeitamente
distinguindo na análise dos consumidores. A suposição de um crescimento da
empresa marcado pela crescente diferenciação de produto, além de um movimento
de expansão diversificante da atividade produtiva como uma estratégia.
O mercado, portanto, corresponde à demanda por um grupo
de produtores substitutos próximos entre si.
Cadeia
produtivas e Complexos industriais
É o mais comum. Assim, na medida em que a competitividade
das empresas depende do seu meio ambiente imediato, a arena concorrencial se
amplia, deixando de ser apenas a dos mercados imediatos de venda de
mercadorias/serviços e aquisição de insumos, para também incorporar mercados
acima e abaixo da cadeia produtiva em que a empresa está atuando.
Existem tipos de cadeia produtiva, tais como: cadeia
produtiva empresarial; cadeias produtivas setoriais.
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