sexta-feira, 28 de junho de 2013

Questões - Teoria do Desenvolvimento Agrícola



EXPROPRIAÇÃO E VIOLÊNCIA
UMA QUESTÃO POLÍTICA NO CAMPO.

1.    Como se caracteriza o processo de expropriação?
É o divorcio entre os trabalhadores e as coisas de que necessita para trabalhar, caracterizado pelo fortalecimento das relações de trabalho com os fazendeiros, ou seja, os produtores deixam de possuir os instrumentos de trabalho e a pratica da produção para o próprio consumo, passando a vender sua força de trabalho.

2.    O que significa a expressão “terra de negócios e terra de trabalho”?
Terra de negócios é a terra usada pelo capitalista no sentido de explorar o trabalho alheio, visando lucro. A terra de trabalho é a terra usada pelo lavrador para a produção e reprodução de meios para garantir a sua sobrevivência.
3.    Qual o motivo da migração dos lavradores?
Foi o preço exorbitante da terra nos seus lugares de origem, deixando-os sem condições de ampliar suas oportunidades de trabalho e impossibilitando a continuidade na lavoura.
4.    Sabemos que a expropriação pode ocorre de forma indireta pelos capitalistas, com base nisso aponte essa forma.

No momento em que os rendimentos do trabalho agrícola são amplamente absorvidos pelas grandes empresas capitalistas que estão criando mecanismos quase compulsórios de comercialização das safras. Nesse caso as empresas subjulgam o produto do trabalho do lavrador, que recebem cada vez menos pelo que produz. 

terça-feira, 25 de junho de 2013

A MILITARIZAÇÃO DA QUESTÃO AGRÁRIA NO BRASIL


" Se a mão de Deus protege e molha o nosso chão, por que será que tá faltando pão?"






A questão da luta agrária nacional tem varias bases ideológicas e aspectos diferentes em relação às diferentes classes agrárias e territórios disputados por estes juntamente com grandes capitalistas rurais e grileiros. Fazer reforma agrária, para promover a classe menos favorecida do meio rural, lutar contra a expropriação, a peonagem, a grilagem de terras e as mais diversas formas de violência no campo, nunca foi, e muito menos é interesse dos governantes do país, uma vez que sempre apoiaram a propriedade privada, tanto no caráter jurídico como no caráter judiciário.
O Brasil evidencia lutas agrárias desde o seu “descobrimento”, os índios tiveram suas terras invadidas e tomadas pelos portugueses que aqui chegaram, foram descriminados pelos seus hábitos culturais e religiosos, explorados, escravizados, e os que não aceitaram, foram exterminados. Depois da falência desse sistema os portugueses passaram a demarcar áreas de terras e “doa-las” para os que aqui quisessem viver, muitos deles marginais, no contexto histórico essa doação se caracteriza com o que chamamos de capitanias hereditárias, onde a posse da terra passava de herdeiro para herdeiro, uma das causas da concentração dos latifúndios. A perseguição ao camponês torna-se  mais acentuada e violenta com o golpe militar de 1964, onde os militares tomaram o governo do até então presidente João Goulart, com uma proposta de desenvolvimento nacional, com base na modernização da indústria nacional, incentivo a entrada de investimento estrangeiro direto e modernização da agricultura e pecuária. A questão agraria brasileira agora passa a ser uma questão militar, com intervenções militares em conflitos por terras em todas as regiões do Brasil, o governo militar, as forças de defesas nacionais e o poder judiciário foram ausentes na promoção de melhores condições de vida para os camponeses e para aqueles que utilizam a sua força de trabalho no meio rural, entre eles trabalhadores rurais e posseiros que ocupam certo território, mas que não possuem a posse dessa terra, o que abre a possibilidade de serem expropriados por grandes capitalistas, ou terem suas terras griladas pelos “traficantes de terras”.
A luta dos trabalhadores rurais, meros produtos e produtores do sistema capitalista,adquire caráter trabalhista com a presença do trabalhador livre e assalariado, trava-se disputas entre o proletariado e grande capitalista que antes era o senhor do engenho tem a nomenclatura alterada: fazendeiros ou capitalistas. Trabalhadores registrados reúnem-se em sindicatos, o que possibilita um poder maior de barganha em relação a luta salarial, já os trabalhadores não registrados, chamados de clandestinos, são explorados chegando a ter cargas horárias de trabalho superiores a 14 horas diárias, salário abaixo do salário real, privados de direitos trabalhistas. Caso diferente acontece com os posseiros, já que a terra é o seu instrumento de trabalho, diferente dos trabalhadores rurais, onde a terra é um fator de trabalho, os posseiros lutavam pela legalização de sua situação, pois ocupavam terras que não eram de sua propriedade legal, mas sim instrumento de trabalho e exploração que eram inutilizadas pelo grande latifundiário, sendo objeto de especulação ou apenas pasto para o gado.
 Vale ressaltar a importância do movimento campesinato organizado nesse período o “MST- Movimento Sem Terra”, organizado inicialmente no estado do Paraná, e que rapidamente expandiu-se para todo o pais,era trabalhadores marginalizados pelo capitalismo que buscavam direitos como:reforma agrária, melhor condições de vida no campo, o movimento era composto principalmente por trabalhadores rurais e filhos de camponeses que por terem famílias numerosas não tinham terra suficiente para produzir e consequentemente para subsistência.

A classe do campesinato brasileiro mobiliza segmentos distintos como a Igreja, a principio a evangélica e posteriormente a católica que até hoje levanta a bandeira do movimento, destinando pastorais especificas como a Pastoral da Terra. A influência religiosa data de um tempo passado, durante os primeiros conflitos da era Republicana como Canudos, onde o “conselheiro” por meio do evangelho orientava aos sertanejos marginalizados em “sem terra” a lutarem contra o regime de exploração, buscavam a terra prometida, da libertação e acreditavam que a profecia bíblica cumpria-se ali no Sertão da Bahia no arraial de Canudos. É o mais extermínio de camponeses que a história registra e que depois de mais de 2 séculos a luta ainda não cessa e que a morte de Antonio Conselheiro(Canudos), Zé Maria (Contestado) e de líderes tanto religiosos como os cangaceiros do Sertão (Lampião) não representou o fim da luta. 

terça-feira, 18 de junho de 2013

A gota que faltava

Para entender melhor o que está acontecendo na rua, imagine que você é o presidente de um um país fictício. Aí você acorda um dia e resolve construir um estádio. Uma “arena”.
O dinheiro que o seu país fictício tem na mão não dá conta da obra. Mas tudo bem. Você é o rei aqui. É só mandar imprimir uns 600 milhões de dinheiros que a arena sai.
Esses dinheiros vão para bancar os blocos de concreto e o salário dos pedreiros. Eles recebem o dinheiro novo e começam a construção. Mas também começam a gastar a grana que estão recebendo. E isso é bom: se os caras vão comprar vinho, a demanda pela bebida aumenta e os vinicultores do seu país ganham uma motivação para produzir mais bebida. Com eles plantando mais e fazendo mais vinho o PIB da sua nação fictícia cresce. Imprimir dinheiro para construir estádio às vezes pode ser uma boa mesmo.
                                       

Mas e se houver mais dinheiro no mercado do que a capacidade de os vinicultores produzirem mais vinho? Eles vão leiloar as garrafas. Não num leilão propriamente dito, mas aumentando o preço. O valor de uma garrafa de vinho não é o que ela custou para ser produzida, mas o máximo que as pessoas estão dispostas a pagar por ela. E se muita gente estiver com muito dinheiro na mão, essa disposição para gastar mais vai existir.
Agora que o preço do vinho aumentou e os vinicultores estão ganhando o dobro, o que acontece? Vamos dizer que um desses vinicultores resolve aproveitar o momento bom nos negócios e vai construir uma casa nova, lindona. E sai para comprar o material de construção.
Só tem uma coisa. Não foi só o vinicultor que ganhou mais dinheiro no seu país fictício. Foi todo mundo envolvido na construção do estádio e todo mundo que vendeu coisas para eles. Tem bastante gente na jogada com os bolsos mais cheios. E algumas dessas pessoas podem ter a idéia de ampliar as casas delas também. Natural.
Então as empresas de material de construção vão receber mais pedidos do que podem dar conta. Com vários clientes novos e sem ter como aumentar a produção do dia para a noite, o cara do material de construção vai fazer o que? Vai botar o preço lá em cima, porque não é besta.
Mas espera um pouco. Você não tinha mandado imprimir 600 milhões de dinheiros para fazer um estádio? Mas e agora, que ainda não fizeram nem metade das arquibancadas e o material de construção já ficou mais caro? Lembre-se que o concreto subiu justamente por causa do dinheiro novo que você mandou fazer.
Mas, caramba, você tem que terminar a arena. A Copa das Confederações Fictícias está logo ali… Então você dá a ordem: “Manda imprimir mais 1 bilhão e termina logo essa joça”. Nisso, os fabricantes de material e os funcionários deles saem para comprar vinho… E a remarcação de preços começa de novo. Para quem vende o material de construção, tudo continua basicamente na mesma. O vinho ficou mais caro, mas eles estão recebendo mais dinheiro direto da sua mão.
Mas para outros habitantes do seu país fictício a situação complicou. É o caso dos operários que estão levantado o estádio. O salário deles continua na mesma, mas agora eles têm de trabalhar mais horas para comprar a mesma quantidade de vinho.
O que você fez, na prática, foi roubar os peões. Ao imprimir mais moeda, você diminuiu o poder de compra dos caras. Inflação é um jeito de o governo bater as carteiras dos governados.
Foi mais ou menos o que aconteceu no mundo real. Primeiro, deixaram as impressoras de dinheiro ligadas no máximo. Só para dar uma ideia: em junho de 2010, havia R$ 124 bilhões em cédulas girando no país. Agora, são R$ 171 bilhões. Quase 40% a mais. Essa torrente de dinheiro teve vários destinatários. Um deles foram os deputados, que aumentaram o próprio salário de R$ 16.500 para de R$ 26.700 em 2010, criando um efeito cascata que estufou os contracheques de TODOS os políticos do país, já que o salário dos deputados federais baliza os dos estaduais e dos vereadores. Parece banal. E até é. Menos irrelevante, porém, foi outro recebedor dos reais novos que não paravam de sair das impressoras: o BNDES, que irrigou nossa economia com R$ 600 bilhões nos últimos 4 anos. Parte desse dinheiro se transformou em bônus de executivo. Os executivos saíram para comprar vinho… Inflação. Em palavras mais precisas, o poder de compra da maioria começou a diminuir. Foi como se algumas notas tivessem se desmaterializado das carteiras deles.
Algumas dessas carteiras, na verdade, sempre acabam mais ou menos protegidas. Quem pode mais tem mais acesso a aplicações que seguram melhor a bronca da inflação (fundos com taxas de administração baixas, CDBs que dão 100% do CDI…, depois falamos mais sobre isso). O ponto é que o pessoal dos andares de baixo é quem perde mais.
Isso deixa claro qual é o grande mal da inflação: ela aumenta a desigualdade. Não tem jeito. E esse tipo de cenário sempre foi o mais propício para revoltas. Revoltas que começam com aquela gota a mais que faz o barril transbordar. Os centavos a mais no ônibus foram essa gota.

O texto até aqui é uma matéria na íntegra da Revista Super Interessante da editora Abril, que inclusive   recomendo a leitura da edição 317 de Abril desse ano na qual é possível encontrar uma edição clara, interativa e real do verdadeiro "Custo Brasil", do qual acredito ser a ponta do Iceberg de todas as manifestações que acontecem de norte a sul do país. 

Um povo que agora reclama com o "dono" do Brasil pelo excesso na emissão, quer quebrar a impressora e secar o reservatório com a tinta que imprimiu irracionalmente tantas cédulas e distribuiu pelas mãos de um falso Robin Hood.

" Polvo" do meu Brasil, pátria- amada - independente SIM!