terça-feira, 25 de agosto de 2009


Por que não estamos morrendo de fome


Eugene, Oregon – Notícias recentes de que dois terços dos adultos nos EUA estão acima do peso ou obesos — e o número continua a crescer — me trazem à mente um assunto que desde os anos 70 me intriga: por que não estamos morrendo de fome? Não faz muito tempo os especialistas previam que o crescimento estratosférico da população humana suplantaria o volume de alimentos disponível, o que culminaria com uma grande fome mundial. Hoje, milhões de pessoas deveriam estar morrendo de fome todos os anos. Era o que vaticinava a antiga matemática sinistra e catastrófica de Thomas Malthus: a população cresce geometricamente deixando para trás a produção de alimentos. Faz muito sentido. Cresci embalado pelas ideias de Malthus atualizadas por livros como A explosão populacional [The population bomb]. Contudo, alguém parece ter desarmado a bomba. Em vez de casos numerosos de morte por fome, parece que estamos nadando em alimentos. E não só nos EUA. A obesidade está aumentando no México; o diabetes associado à gordura está se tornando epidêmico na Índia; um em cada quatro chineses está acima do peso, mais de 60 milhões estão obesos e a taxa de sobrepeso infantil subiu quase 30 vezes desde 1985. Para onde quer que olhemos, seja em Buffalo ou Pequim, o que vemos são ventres protuberantes.
Em vez de morrer de fome, no mundo inteiro as pessoas estão comendo mais calorias do que nunca.
Se você quer saber o que está por trás dessa epidemia de obesidade, não se conforme com os suspeitos de sempre, aqueles que os meios de comunicação escolheram como algozes : fast food, gordura trans, alto teor de açúcar, pouco exercício físico, excesso de videogame, bactérias estranhas em ação no organismo, moléculas esquisitas no sangue. Pessoalmente, acho que a culpa é do instinto humano arraigado que nos leva a consumir lanches salgados, gordurosos e açucarados em detrimento da prática de exercícios físicos mais intensos. Todos esses fatores estão, sem dúvida alguma, relacionados à “pandemia insidiosa e sorrateira da obesidade [...] que tomou conta do mundo todo”, conforme disse recentemente um grande estudioso do assunto. Contudo, trata-se apenas de partes de um enigma maior.

Fonte: Época Négocios em 21/08/2009

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Operário Padrão

Ser um operário padrão é se manter alienado diante da realidade em que está inserido. As fabricas exigem que o proletariado mantenha o perfil de um operário padrão que cumpre cotas; um ritmo de trabalho enlouquecido; que não reclama; que não possui uma subjetividade, pois esta afeta suas relações intimas e interpessoais, além de que causa impregnação do tempo de trabalho ao tempo de trabalho livre do trabalhador.

Numa pesquisa mais recente, segundo consultores de RH, o funcionário ideal tem características que não se aprende nos livros. Ele deve ser criativo, dinâmico, líder. E também ter família estruturada, saber se comportar, se vestir... Tudo isso demonstra que os patrões preferem funcionários que se mantenham alienados diante do processo de produção, pois assim eles não causam nenhum constrangimento para o mesmo.

As relações entre o trabalho na visão marxista e o trabalho na visão capitalista

Para Marx e Engels, o trabalho é algo fundamental para a existência humana. A raiz de qualquer sociedade é a forma como sua produção de bens se organiza, incluindo as forças produtivas e as relações de produção. Na visão dialética de Marx, onde se contrastam os interesses do proletariado e dos empresários, as condições de forças de produção precisam deixar de aparecer como obstáculos ao desenvolvimento das forças produtivas. Ou seja, o proletariado não pode ser um empecilho para o desenvolvimento da força produtiva. Marx nunca teve uma visão exclusivamente determinista da relação dialética entre capital e trabalho. Dentro da própria lógica do processo de valorização do capital surgem às condições sociais de sua superação, pois acreditava ele que pela união dos trabalhadores seria possível romper os limites impostos pelo capital.

Engels sustenta que o trabalho "é a primeira condição básica para toda a existência humana, e isto numa tal extensão que, em determinado sentido, nós temos de dizer que o trabalho criou o próprio homem". Entretanto, com a crescente complexidade da sociedade, surgiu a propriedade privada, a separação das pessoas em classes, e uma divisão social do trabalho —tudo isto alterou profundamente o significado do trabalho. Diferenças no ambiente conduziram a diferenças no modo como as pessoas trabalhavam e nas coisas que produziam.

Para Marx e Engels a primeira e decisiva divisão está entre a cidade e o campo. Tal como expôs Marx:

Os fundamentos de toda a divisão do trabalho já bem desenvolvida, e que surge pela troca de artigos, estão na separação entre a cidade e o campo. Pode-se dizer que toda a história económica da sociedade é resumida no movimento desta antítese. (Capital, vol. 1 [Moscow: Progress Publishers], 333)

No marxismo, o homem aparece como ser vivo, essencial, que traz em si as potencialidades de auto-desenvolvimento. Desta maneira, o “materialista” Marx produz sua metodologia dialética o objeto e o sujeito. Marx não concordava em o proletariado trabalhar apenas para sobreviver, trabalhar a fim de conseguir a mais-valia para os empresários. Ele deveria ter uma jornada de trabalho de acordo com o seu custo, ou ter participação ativa nessa mais-valia. Pois se todo o valor é gerado pelo trabalho, logo os trabalhadores era quem geravam toda riqueza, sendo que os patrões ficavam com toda essa riqueza, o que para ele era usurpar a classe trabalhadora.

Já para Adam Smith, o grande teórico da economia capitalista, o trabalho é uma atividade que exige ao trabalhador que desista "da sua tranqüilidade, liberdade e felicidade". O salário, de acordo com Smith, é a recompensa que o trabalhador recebe pelo seu sacrifício.

O desenvolvimento das forças produtivas se torna o fator decisivo e fundamental no processo de produção capitalista. Isto porque é por meio do desenvolvimento das forças produtivas, cujo efeito prático é o aumento da produtividade, que os capitalistas logram a diminuição do valor de suas respectivas mercadorias, o que lhes propicia sua sobrevivência no mercado competitivo e, ao mesmo tempo, a redução do valor da força de trabalho. Todo esse processo resulta na produção da mais-valia relativa, com a condição de que o incremento da produtividade tenha atingido as cadeias de fabricação dos meios de subsistência necessários para produzir a vida do trabalhador. Aumento de produtividade significa, entretanto, a produção de uma quantidade cada vez maior de valores de uso com uma grandeza relativamente menor de valor. Dessa forma, a solução para os capitais privados é um problema para o capital, uma vez que o mecanismo que propicia a sobrevivência dos capitais privados no mercado cria, contraditoriamente, as condições de produção da morte do capital. Capitais privados e capital estabelecem, portanto, uma relação de contradição, de tal sorte que a continuidade da existência deste último implica a destruição, pelo menos parcial, de capitais privados, e vice-versa. Portanto, se o trabalho, numa forma social genérica, é “um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza” (Marx, 1983:149), ou seja, é o elemento determinante na constituição da própria natureza humana, no capitalismo a construção do gênero humano, por intermédio do trabalho, se dá pela sua destruição, sua emancipação se efetiva pela sua degradação, sua liberdade ocorre pela sua escravidão, a produção de sua vida se realiza pela produção de sua morte.

Vê-se logo a antítese presente nas duas formas propostas de trabalho, onde uma o trabalhador é um produto, uma máquina, ou algo material que significa gastos, e na outra que o trabalhador é um ser vivo que através da sua produção obterá de forma igualitária o bem estar.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O conceito de capital em economia ecológica


O conceito de capital em economia ecológica compreende capital natural, capital produzido pelo homem e capital cultural.

O capital natural inclui recursos não-renováveis (como petróleo e minérios) recursos renováveis (plantas, animais, água) e serviços ambientais (ciclo hidrológico, a assimilação de resíduos, a reciclagem de nutrientes, a polinização de cultivares; o capital produzido pelo homem é o capital gerado via atividade econômica, e o capital cultural refere-se a fatores que provêem as sociedades humanas dos meios e adaptações para que interajam e modifiquem o ambiente (Berkes & Folke, 1992). O capital cultural também recebe outras denominações de diferentes autores, tais como "capital adaptativo" (no sentido evolutivo), "capital social" (organização social) e "capital institucional" (suprimento de habilidades e estruturas organizacionais de uma sociedade) (Berkes & Folke, 1994).

O Modelo IPAT

O modelo IPAT, assim como outros modelos que' são conhecidos como "abordagens neo-malthusianas", são objetos de debate em ecologia humana.Numa escala global Hardin (1993) compara a "economia de cawboy" com a "ecologia da astronave": a primeira representa a exploração da terra disponível do passado e a segunda, a terra sem reservas ilimitadas (uma astronave). a ecologia da nave espacial, a maximização precisa ser substituída por minimização, no tocante à exploração de recursos.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Um pouco sobre a minha terrinha

Quixelô foi emancipado de Iguatu em 1985 através de um plebiscito

O nome é de origem indigena, em referência à tribo que habitou a região. Os "Quixelos" foram exterminados ainda no século XVIII pelos colonizadores. Bom Jesus de Quixelô, era assim que o distrito era conhecido até meados da segunda metade do século XX.



GEOGRAFIA

O município está situado a uma distância de 22 quilômetros de Iguatu, capital regional do centro-sul cearense, cidade da qual era distrito e foi desmembrado em 1985. Suas histórias políticas, econômicas e culturais, no entanto, continuam fortemente unidas. O pequeno município (cerca de 16 mil habitantes).

O município de Quixelô durante longos anos teve como fundamento econômico a cultura do algodão, até que a praga do bicudo dizimasse essa cultura no Ceará e no Nordeste. A base da economia quixeloense permanece na agricultura, principalmente no cultivo do arroz e na pecuária leiteira.

Grande parte do município é banhado pelas águas do Açude Orós, facilitando, assim, a irrigação dos terrenos ribeirinhos e a pesca. Em outras regiões do município foram construídos dois grandes açudes, quais sejam, Açude Angicos, localizado na região de mesmo nome com capacidade de cerca de 9 milhões de metros cúbicos e Açude da Carnaubinha do Faé localizado no Vale do Faé com capacidade de cerca de 24 milhões de metros cúbicos.

domingo, 9 de agosto de 2009


ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL


Estado continua com baixo desenvolvimento. Estudo do Ipece aponta os dez municípios em melhor e pior situação

Considerando, em conjunto, a oferta de serviços nas áreas de educação, saúde e habitação (saneamento básico) e as condições de geração de emprego e renda para população, o Ceará tem avançado. Mas ainda não o suficiente. Apesar de sensível melhora, com alguns municípios obtendo melhor classificação, o Índice de Desenvolvimento Social (IDS), calculado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) revela que, em 2007, a grande maioria das cidades ainda permanece conceituada como regular. Naquele ano, 171 localidades, ou 93% do total, obtiveram esse conceito, ante 137 (74%) verificadas em 2004. Ao mesmo tempo, apenas sete municípios do Estado, ou 4%, conseguiram atingir o nível bom. O que revela considerável melhora, dado que, em 2004, somente uma localidade tinha essa avaliação. Porém, o maior destaque fica mesmo para o sensível avanço na diminuição da quantidade de municípios com conceito ruim que, no mesmo período, caiu de 46 para somente seis cidades. Uma queda de quase 87%, reduzindo de 25% para cerca de 3% o número de localidades nessa condição. Nenhuma localidade obteve conceito ótimo. De fato, estudo recentemente divulgado pela FGV Projetos confirma que, em 2007, o Ceará evoluiu, porém do grupo de baixíssimo desenvolvimento para o de baixo desenvolvimento, ocupando a 6ª posição no Nordeste, conforme o Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (IDSE), que é calculado por esta entidade.

O documento destaca os avanços socioeconômicos da Região. Contudo, apresenta também os focos de políticas públicas que ainda precisam de revisão. Apesar do pequeno avanço, aponta a FGV Projetos, o Ceará continua em um patamar de desenvolvimento muito baixo e precisa avançar em políticas públicas voltadas, sobretudo, à educação e à moradia.

FIQUE POR DENTRO
IDS pode subsidiar formulação de políticas

No Ceará, a análise da inclusão social vem sendo realizada através do Índice de Desenvolvimento Social (IDS), um índice sintético, construído a partir de indicadores de oferta de serviços públicos e de resultados destes serviços. Fornece informações para subsidiar a formulação e avaliação das políticas e programas do Governo do Estado. O que diferencia o IDS da maioria dos indicadores sociais é a sua divisão em duas dimensões de política. A primeira, refere-se aos objetivos finais alcançados em termos de inclusão, e a segunda dimensão relaciona-se instrumentos empregados pelo governo para alcançar tais objetivos. Apesar das prioridades serem os resultados, o governo só possui controle sobre a oferta de serviços públicos.

Texto: Diário do Nordeste em 09/08/2009