terça-feira, 14 de maio de 2013

A EMPRESA TRANSNACIONAL




Os desenvolvimentos teóricos recentes a respeito da empresa transnacional (ET) ainda são ignorados ou minimizados. No entanto o entendimento sobre ET é de fundamental importância. No contexto atual processo de globalização, a ET é o principal lócus de acumulação e de poder econômico a partir do seu controle sobre ativos específicos (capital, tecnologia e capacidade gerencial, organizacional e mercadológica). No capitalismo contemporâneo, a ET encontra-se cada vez mais identificada com a categoria de grupo econômico do que com a de empresa.
            A ET é a empresa de grande porte que controla ativos em pelo menos dois países. A ET responde pela quase totalidade dos fluxos de investimentos externo direto (IED). A teoria desenvolvida, assenta-se na relação entre empresa, o território e o sistema econômico, A ET é entendida como o principal agente dos processos de internacionalização da produção, centralização e concentração do capital, e de destruição criadora.
            Na dimensão microeconômica, a ET é o agente de realização do processo de internacionalização da produção. Esse processo ocorre sempre que residentes têm acesso a bens e serviços com origem em não – residentes (isto é, mercadorias originalmente produzidas por não residentes). E ele se expressa de três formas: exportação, licenciamento de ativos e investimento externo direto. A literatura analisa a ET, a  primeira contribuição importante, utilizando o enfoque de organização industrial para o estudo dos determinantes do IED, foi dada por Penrose em 1956. O argumento básico de Penrose é que o IED é uma conseqüência do processo de crescimento da empresa. Ela argumenta que as empresas têm uma forte tendência para se expandir, e expansão significa diversificação da produção, assim como penetração em novos mercados internos e externos.
            A idéia de que uma empresa deve possuir algumas vantagens de modo a poder penetrar em mercados externos por meio do IED foi na realidade, a contribuição básica de Hymer em 1960. Segundo esse autor, empresas engajam-se em operações externas porque têm algumas vantagens que as empresas do país receptor do investimento não têm.
            A visão abrangente da internacionalização do capital consiste em entender o fenômeno da ET como um epifenômeno da própria dinâmica de desenvolvimento capitalista. A ET surge, então, como resultante da convergência dos processos de concentração e centralização do capital e de destruição criadora. A ET é o principal objeto da macro dinâmica capitalista, mas também é o seu principal sujeito. A ET é a grande empresa capitalista e o principal agente de realização dos processos de internacionalização da produção, concentração e centralização do capital, e de destruição criadora.
            A ET tem como característica básica o fato de ser uma grande empresa e possuir vantagens especificas. No entanto, a posse de vantagens especificas à propriedade surge como condição necessária, porém não suficiente, para explicar o movimento de internacionalização da produção em termos do seu movimento inicial, das formas assumidas, e da distribuição espacial (escolha de territórios). A “condição de suficiência” seria determinada pela interação de um conjunto de fatores locacionais específicos. Interagindo com os elementos sistêmicos e específicos às empresas (microeconômicas), os fatores locacionais aparecem como variáveis determinantes para a escolha da forma do movimento de internacionalização da produção. 
            O fato é que os próprios fatores locacionais específicos (operando no território, no espaço nacional ) dependem de fatores sistemáticos, pois eles surgem em função das necessidades de expansão do sistema capitalista em escala mundial. No caso de fatores sistêmicos que afetam os fatores locacionais específicos, o exemplo óbvio é o processo de desenvolvimento dependente dos países do Sul. Nos países do Norte, podemos destacar os gastos militares dos governos nacionais que estimulam o progresso tecnológico.
            A visão abrangente da natureza da ET procura ter um caráter histórico na medida em que aceita o fato de que a cada momento a interação de fatores econômicos, políticos, sociais e culturais define um novo conjunto de pesos específicos para as variáveis determinantes. Em conseqüência, a resultante das variáveis muda de uma forma incessante, o que nos remete a uma analise dinâmica do processo de internacionalização da produção por meio da expansão das empresas transnacionais. Em síntese, a ET é sujeito e objeto dos processos de internacionalização da produção, centralização e concentração do capital e destruição criadora. 

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