Os
desenvolvimentos teóricos recentes a respeito da empresa transnacional (ET)
ainda são ignorados ou minimizados. No entanto o entendimento sobre ET é de
fundamental importância. No contexto atual processo de globalização, a ET é o
principal lócus de acumulação e de poder econômico a partir do seu controle
sobre ativos específicos (capital, tecnologia e capacidade gerencial,
organizacional e mercadológica). No capitalismo contemporâneo, a ET encontra-se
cada vez mais identificada com a categoria de grupo econômico do que com a de
empresa.
A ET é a empresa de grande porte que controla ativos em
pelo menos dois países. A ET responde pela quase totalidade dos fluxos de
investimentos externo direto (IED). A teoria desenvolvida, assenta-se na
relação entre empresa, o território e o sistema econômico, A ET é entendida
como o principal agente dos processos de internacionalização da produção,
centralização e concentração do capital, e de destruição criadora.
Na dimensão microeconômica, a ET é o agente de realização
do processo de internacionalização da produção. Esse processo ocorre sempre que
residentes têm acesso a bens e serviços com origem em não – residentes (isto é,
mercadorias originalmente produzidas por não residentes). E ele se expressa de
três formas: exportação, licenciamento de ativos e investimento externo direto.
A literatura analisa a ET, a primeira
contribuição importante, utilizando o enfoque de organização industrial para o
estudo dos determinantes do IED, foi dada por Penrose em 1956. O argumento
básico de Penrose é que o IED é uma conseqüência do processo de crescimento da
empresa. Ela argumenta que as empresas têm uma forte tendência para se
expandir, e expansão significa diversificação da produção, assim como
penetração em novos mercados internos e externos.
A idéia de que uma empresa deve possuir algumas vantagens
de modo a poder penetrar em mercados externos por meio do IED foi na realidade,
a contribuição básica de Hymer em 1960. Segundo esse autor, empresas engajam-se
em operações externas porque têm algumas vantagens que as empresas do país
receptor do investimento não têm.
A visão abrangente da internacionalização do capital
consiste em entender o fenômeno da ET como um epifenômeno da própria dinâmica
de desenvolvimento capitalista. A ET surge, então, como resultante da
convergência dos processos de concentração e centralização do capital e de
destruição criadora. A ET é o principal objeto da macro dinâmica capitalista,
mas também é o seu principal sujeito. A ET é a grande empresa capitalista e o
principal agente de realização dos processos de internacionalização da
produção, concentração e centralização do capital, e de destruição criadora.
A ET tem como característica básica o fato de ser uma
grande empresa e possuir vantagens especificas. No entanto, a posse de
vantagens especificas à propriedade surge como condição necessária, porém não
suficiente, para explicar o movimento de internacionalização da produção em
termos do seu movimento inicial, das formas assumidas, e da distribuição
espacial (escolha de territórios). A “condição de suficiência” seria
determinada pela interação de um conjunto de fatores locacionais específicos.
Interagindo com os elementos sistêmicos e específicos às empresas
(microeconômicas), os fatores locacionais aparecem como variáveis determinantes
para a escolha da forma do movimento de internacionalização da produção.
O fato é que os próprios fatores locacionais específicos
(operando no território, no espaço nacional ) dependem de fatores sistemáticos,
pois eles surgem em função das necessidades de expansão do sistema capitalista
em escala mundial. No caso de fatores sistêmicos que afetam os fatores
locacionais específicos, o exemplo óbvio é o processo de desenvolvimento
dependente dos países do Sul. Nos países do Norte, podemos destacar os gastos
militares dos governos nacionais que estimulam o progresso tecnológico.
A visão abrangente da natureza da ET procura ter um
caráter histórico na medida em que aceita o fato de que a cada momento a
interação de fatores econômicos, políticos, sociais e culturais define um novo
conjunto de pesos específicos para as variáveis determinantes. Em conseqüência,
a resultante das variáveis muda de uma forma incessante, o que nos remete a uma
analise dinâmica do processo de internacionalização da produção por meio da
expansão das empresas transnacionais. Em síntese, a ET é sujeito e objeto dos
processos de internacionalização da produção, centralização e concentração do
capital e destruição criadora.
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