segunda-feira, 24 de agosto de 2009

As relações entre o trabalho na visão marxista e o trabalho na visão capitalista

Para Marx e Engels, o trabalho é algo fundamental para a existência humana. A raiz de qualquer sociedade é a forma como sua produção de bens se organiza, incluindo as forças produtivas e as relações de produção. Na visão dialética de Marx, onde se contrastam os interesses do proletariado e dos empresários, as condições de forças de produção precisam deixar de aparecer como obstáculos ao desenvolvimento das forças produtivas. Ou seja, o proletariado não pode ser um empecilho para o desenvolvimento da força produtiva. Marx nunca teve uma visão exclusivamente determinista da relação dialética entre capital e trabalho. Dentro da própria lógica do processo de valorização do capital surgem às condições sociais de sua superação, pois acreditava ele que pela união dos trabalhadores seria possível romper os limites impostos pelo capital.

Engels sustenta que o trabalho "é a primeira condição básica para toda a existência humana, e isto numa tal extensão que, em determinado sentido, nós temos de dizer que o trabalho criou o próprio homem". Entretanto, com a crescente complexidade da sociedade, surgiu a propriedade privada, a separação das pessoas em classes, e uma divisão social do trabalho —tudo isto alterou profundamente o significado do trabalho. Diferenças no ambiente conduziram a diferenças no modo como as pessoas trabalhavam e nas coisas que produziam.

Para Marx e Engels a primeira e decisiva divisão está entre a cidade e o campo. Tal como expôs Marx:

Os fundamentos de toda a divisão do trabalho já bem desenvolvida, e que surge pela troca de artigos, estão na separação entre a cidade e o campo. Pode-se dizer que toda a história económica da sociedade é resumida no movimento desta antítese. (Capital, vol. 1 [Moscow: Progress Publishers], 333)

No marxismo, o homem aparece como ser vivo, essencial, que traz em si as potencialidades de auto-desenvolvimento. Desta maneira, o “materialista” Marx produz sua metodologia dialética o objeto e o sujeito. Marx não concordava em o proletariado trabalhar apenas para sobreviver, trabalhar a fim de conseguir a mais-valia para os empresários. Ele deveria ter uma jornada de trabalho de acordo com o seu custo, ou ter participação ativa nessa mais-valia. Pois se todo o valor é gerado pelo trabalho, logo os trabalhadores era quem geravam toda riqueza, sendo que os patrões ficavam com toda essa riqueza, o que para ele era usurpar a classe trabalhadora.

Já para Adam Smith, o grande teórico da economia capitalista, o trabalho é uma atividade que exige ao trabalhador que desista "da sua tranqüilidade, liberdade e felicidade". O salário, de acordo com Smith, é a recompensa que o trabalhador recebe pelo seu sacrifício.

O desenvolvimento das forças produtivas se torna o fator decisivo e fundamental no processo de produção capitalista. Isto porque é por meio do desenvolvimento das forças produtivas, cujo efeito prático é o aumento da produtividade, que os capitalistas logram a diminuição do valor de suas respectivas mercadorias, o que lhes propicia sua sobrevivência no mercado competitivo e, ao mesmo tempo, a redução do valor da força de trabalho. Todo esse processo resulta na produção da mais-valia relativa, com a condição de que o incremento da produtividade tenha atingido as cadeias de fabricação dos meios de subsistência necessários para produzir a vida do trabalhador. Aumento de produtividade significa, entretanto, a produção de uma quantidade cada vez maior de valores de uso com uma grandeza relativamente menor de valor. Dessa forma, a solução para os capitais privados é um problema para o capital, uma vez que o mecanismo que propicia a sobrevivência dos capitais privados no mercado cria, contraditoriamente, as condições de produção da morte do capital. Capitais privados e capital estabelecem, portanto, uma relação de contradição, de tal sorte que a continuidade da existência deste último implica a destruição, pelo menos parcial, de capitais privados, e vice-versa. Portanto, se o trabalho, numa forma social genérica, é “um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza” (Marx, 1983:149), ou seja, é o elemento determinante na constituição da própria natureza humana, no capitalismo a construção do gênero humano, por intermédio do trabalho, se dá pela sua destruição, sua emancipação se efetiva pela sua degradação, sua liberdade ocorre pela sua escravidão, a produção de sua vida se realiza pela produção de sua morte.

Vê-se logo a antítese presente nas duas formas propostas de trabalho, onde uma o trabalhador é um produto, uma máquina, ou algo material que significa gastos, e na outra que o trabalhador é um ser vivo que através da sua produção obterá de forma igualitária o bem estar.

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